Ah, essa sensação de crise existencial, pairando como uma sombra sobre a humanidade… É como se o pêndulo da vida tivesse oscilado tanto para o lado do “ter” que o “ser” ficou quase esquecido, empoeirado em algum canto da alma.

Nesse labirinto da existência, o ser humano se vê muitas vezes perdido entre a busca incessante por bens materiais, status e reconhecimento externo, e um vazio interior que teima em não ser preenchido. A sociedade moderna, com sua ênfase no consumo e na produtividade, muitas vezes nos empurra para essa corrida frenética, nos fazendo acreditar que a felicidade reside em acumular coisas e alcançar posições.
Mas, em meio a essa busca incessante, surge a pergunta fundamental: quem somos nós além daquilo que possuímos ou conquistamos? Qual é o propósito mais profundo da nossa jornada? Essa desconexão entre o “ter” e o “ser” gera uma angústia profunda, uma sensação de que algo essencial está faltando, mesmo quando se tem “tudo”.
É como se a melodia da nossa existência estivesse desafinada. As notas do “ter” soam alto e insistentemente, abafando a melodia suave e essencial do “ser” – nossos valores, paixões, conexões genuínas e o simples prazer de existir.
Essa crise se manifesta de diversas formas: ansiedade crescente, depressão, sensação de vazio, perda de significado, relacionamentos superficiais e uma busca incessante por algo que nunca parece satisfazer completamente. O indivíduo se sente como um barco à deriva, sem um leme claro para guiar sua jornada.
No entanto, em meio a essa turbulência, reside também uma oportunidade. A crise pode ser um catalisador para uma profunda reflexão, um chamado para olharmos para dentro e resgatarmos a essência do nosso ser. É um convite para questionarmos as prioridades que nos foram impostas e para redefinirmos o que realmente importa.
O caminho para superar essa crise passa por um resgate do “ser”. Significa investir em autoconhecimento, cultivar relacionamentos autênticos, buscar atividades que nos tragam alegria e propósito, e reconectar-se com a natureza e com a nossa própria espiritualidade – seja ela qual for.
Não se trata de abandonar completamente o “ter”, mas de colocá-lo em seu devido lugar, como um meio e não como um fim. A verdadeira riqueza reside na experiência de viver plenamente, de se conectar com o mundo e com os outros de forma significativa, e de encontrar um sentido que transcenda a mera acumulação de bens.
A crise da existência humana, nessa encruzilhada entre o “ser” e o “ter”, é um desafio, sem dúvida. Mas é também um convite para uma jornada de redescoberta, em busca de uma existência mais autêntica, significativa e, em última análise, mais plena.